Você sabia que a Argentina teve 5 presidentes em apenas uma semana?
Aconteceu em dezembro de 2001. O país já vivia uma longa crise devido ao Plano de Conversibilidade, que atrelou o peso argentino ao dólar norte-americano com vistas à eliminação das altas taxas de inflação. A decisão trouxe várias melhorias, mas no longo prazo o país foi forçado a tomar mais empréstimos do Fundo Monetário Internacional.
Diante das dúvidas sobre a capacidade de pagamento do país e sobre a continuidade da conversibilidade, começou a ser refletido um vazamento crescente de depósitos bancários.
Em 2 de dezembro de 2001 foi imposto o “El Corralito”, o que significava que as pessoas não podiam sacar dinheiro de suas contas bancárias em dólares nem comprar dólares. Curiosidade: pelo que aconteceu na Argentina, o termo “corralito” passou a ser aplicado a políticas de outros países. Por que? Porque o país tem uma dívida externa de bilhões de dólares. Esta foi uma forma de evitar o vazamento de moeda.
Isso causou uma série de protestos, pois a Argentina estava severamente limitada em seus movimentos econômicos. Depois de uma série de manifestações, o presidente Fernando de la Rúa, que veio com a ideia da restrição, teve que deixar seu posto e a Casa Rosada (sede presidencial) de helicóptero. Vários representantes do governo renunciaram com ele, como o ministro do Interior, Ministro da Economia, Ministro da Justiça, entre outros.
Mas o país não pode ficar sem presidente. Na noite de 20 de dezembro, quando Fernando de la Rúa escapou, quem deveria desempenhar o papel de presidente provisório era Ramón Puerta, presidente da Câmara de Senadores. Mas por ser uma medida de emergência, Ramón Puerta não pôde permanecer no cargo. Por isso, em 23 de dezembro, Adolfo Rodríguez Saá foi eleito. No entanto, ele renunciou em uma semana, em 30 de dezembro.
Neste momento, como não havia vice-presidentes, o Poder Executivo teve que contar novamente com Ramón Puerta. Mas desta vez, ele renunciou. Por isso, o poder teve que ser tomado pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Camaño. Mas como seu cargo era temporário e emergente, em 1º de janeiro a Assembleia Legislativa elegeu Eduardo Duhalde, que havia sido candidato à presidência em 1999, perdendo para De la Rúa. Ele revogou os pontos essenciais da Lei de Conversibilidade e o país voltou a diferenciar moedas.
Na verdade, no período de 11 dias não foram 5 presidentes, foram apenas três presidentes e dois responsáveis pelo Executivo. Mas isso não muda a dura realidade de um dos momentos mais instáveis na história da Argentina.
Tradução: Letícia Goulart
Recursos: 1. https://www.youtube.com/watch?v=3V5NB2urpXg
3. Diana Uribe, “Historias del mundo. Argentina 27. Desde el retorno a la democracia hasta el Corralito”.
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